História da Freguesia

Alcabideche foi habitada por povos de diversas culturas e origens, tendo sido particularmente marcante a presença da civilização árabe. Os "toponimis-tas" mais conceituados crêem que Alcabideche significa "Fonte de Água" e há quem atribua a duas grandes fontes desta localidade virtudes medicinais: "a da vila é muito diurética e cura a dor da pedra; e a de Fartapão cura a diarreia".

O crescimento de Cascais para fora das muralhas do primitivo castelo justifica a criação da Junta da Paróquia de S. Vicente de Alcabideche em 1841. Esta, além das competências no que diz respeito à guarda dos bens da Igreja, passou a tomar decisões de carácter administrativo local, como por exemplo, sobre a criação de novas escolas, obras na igreja matriz, fonte e lavadouro público e censos da população.

No período do domínio árabe, a população local era essencialmente rural, como podemos aferir do poema de Ibne Mucana, poeta árabe do Séc. XI, que nasceu e residiu em Alcabideche.

Segundo dados do Censo Paroquial da freguesia, em 1843, Alcabideche possuía um total de 1980 habitantes. A estrutura económica desta freguesia era essencialmente agrícola. 70% da população activa desenvolvia a sua actividade económica por conta de outrem. 30% da população exercia actividades profissionais ligadas à manufactura, embora com pouca expressão: canteiros, pedreiros, carpinteiros, sapateiros, ferreiros, tecelões, lavradores, fazendeiros e soldados. Além destas existiam outras menos significativas em termos de freguesia - taberneiros, marítimos e criados.

Ó tu que vives em Alcabideche, oxalá nunca te faltem, nem grãos para semear, nem cebolas, nem abóboras, se és homem de decisão precisas de um moinho, que funcione com as nuvens sem necessidade de Regatos.

O espaço rural era constituído por pequenas comunidades caracterizadas por tipos de povoamento aglomerado e disperso. A aldeia/casal caracterizava-se por ser uma propriedade bastante dividida (minifúndio), muitas vezes pertença de vários membros da mesma família.

As casas eram construídas com dimensões muito reduzidas; o melhor e o maior espaço à volta das casas era para os rebanhos e para as terras de cultivo.

A colectividade representava a aldeia, o esforço e o empenhamento comuns. Com tal propósito, foi fundada, em 1890, a Associação de Socorros Mútuos de Alcabideche, actual Edifício Montepio.

A maior concentração de moinhos de vento no concelho situa-se nesta freguesia. A primeira referência que se conhece sobre eles consta de um poema de Ibne Mucana. A sedentarização da população e o início das actividades agrícolas, com a consequente utilização de cereais na alimentação, levou à criação de diferentes engenhos de moagem.

Sabe-se que as estruturas de moagem do concelho se mantiveram em laboração até mais tarde do que as outras suas congéneres na região de Lisboa, por constituírem um mercado abastecedor local e por distarem das grandes zonas fabris.

 

De vestígios da antiga igreja de S. Vicente de Alcabideche, anteriores ao terramoto de 1755, restam alguns elementos lapidados dos séculos XV e XVI: uma verga de porta, decorada, três pias para a água benta e um fuste de coluna com capitel aos gomos, encontrada aquando do levantamento do antigo cemitério existente no adro.

 

O frontão que se encontra por cima da porta tem a data de 1759, mas não se sabe ao certo qual foi a data da sua fundação. O actual templo é de construção posterior ao terramoto, mas o local já teria um fim sagrado na época romana. Três anos após o terramoto de 1755, o padre Fortunato Lopes de Oliveira, no relatório sobre a paróquia de Alcabideche, inserido no Dicionário Geográfico de Portugal, da Torre do Tombo, diz que"...a igreja ficou toda rasa". Servia como capela a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, que se localizava no actual Largo 5 de Outubro.

Para apoiar os peregrinos que participavam nas festas do Espírito Santo ou do Imperador, existiu em Alcabideche um hospital, que pertencia a uma confraria. Ainda hoje existe o edifício onde esteve instalado o referido hospital.

Alcabideche está ligada à devoção da Senhora do Cabo. Esta festividade realiza-se de 26 em 26 anos. A imagem esteve pela última vez em Alcabideche, dia 17 de Setembro de 2011 e anteriormente a esta em 1986. Actualmente, é a maior freguesia do concelho com 39,8 Km2, e também uma das mais populosas com cerca de 32000 habitantes, segundo dados dos Censos de 2001, na realidade segundo censos oficiosos a Freguesia tem mais de 52000 habitantes. De local rural de pequena economia transformou-se, nos últimos anos, num espaço socio-territorial multifuncional, reforçado com a construção da auto-estrada.

O aparecimento das grandes superfícies comerciais e de serviços cria um eixo cosmopolita, no que eram os limites de Cascais.

Do Brasão da Junta de Freguesia, oficialmente aceite pela Heráldica Nacional, faz parte o Moínho. Semelhante a este Moínho de Vento tem a Junta de Freguesia um legado o qual conserva e mantém junto à variante do Cascais-Shopping cuja imagem recente é a que a seguir se expõe.

Constituição heráldica da bandeira, armas e selo da Freguesia de Alcabideche

BANDEIRA

Branca com cordões e borlas de branco e azul. Haste e lança dourada.

ARMAS

De azul com moinho de vento de prata, ladeado por um Sol de oiro à dextra e uma lua de oiro à sinistra, portado e frestado, sobre uns rochedos de negro saintes do contrachefe ondado de três faixas, duas de prata e uma azul. Chefe cozido de vermelho carregado dos dizeres "AL-QABDAQ".

Coroa mural de Prata de três torres. Listel vermelho com dizeres em letras maiúsculas FREGUESIA DE ALCABIDECHE - por baixo das armas.

SELO

Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta e dentro de círculos concêntricos os dizeres: "Junta de Freguesia de Alcabideche".